Tracajá (Podocnemis unifilis)
Recinto
Aquaterrario / Lago
Dieta
Onívoro
Rotina
Baixa
Espaço
Alto
Expectativa de vida
+20 anos
Peso
8kg
Sociabilidade
Social
Comportamento
Diurno
Interatividade
Baixa
Custo de aquisição
Moderado
Custo de instalação
Alto
Custo de manutenção
Baixo
A Podocnemis unifilis, conhecida como tartaruga-da-Amazônia ou tracajá, é um cágado nativo da América do Sul, encontrado principalmente na Bacia Amazônica, incluindo Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela e Equador. Habita rios, lagos, igarapés e áreas alagadas da floresta tropical, preferindo locais com águas calmas e abundância de vegetação aquática.
O tracajá possui uma carapaça ovalada e achatada, com coloração que varia entre marrom-escuro e preto, enquanto o plastrão (parte inferior) é amarelado. Os machos são menores que as fêmeas, atingindo cerca de 30 cm de comprimento de carapaça, enquanto as fêmeas podem chegar a 45 cm ou mais, podendo atingir até 12kg. Uma característica marcante da espécie são as belas manchas amarelas ou alaranjadas na cabeça, mais visíveis nos filhotes.
São animais semi-aquáticos, passando a maior parte do tempo na água, mas também se deslocam para terra firme para se aquecer ao sol – comportamento conhecido como basking. Durante a estação seca, podem entrar em estado de brumação, enterrando-se na lama para conservar energia.
Demandas físicas
Recinto
O tracajá habita ambientes de água doce, como rios, lagos e áreas alagadas. Em ambiente doméstico, o ambiente ideal para essa espécie são aquaterrários com área aquática e terrestre, sendo que a parte terrestre não deve ultrapassar 30% do recinto. Para animais adultos e em regiões mais quentes do Brasil, uma boa opção são lagos externos. A água deve ser profunda o suficiente para permitir que o animal nade, com pelo menos 2 a 3 vezes o comprimento da carapaça do animal.
O tamanho ideal de um recinto para o Tracajá deve ter comprimento de 10 vezes o tamanho do animal, 5 vezes a largura e 2 vezes a profundidade. Por exemplo, um indivíduo de 20 cm de carapaça deve viver em um recinto de 200 x 100 x 40 cm.
É essencial utilizar um filtro de água adequado para manter a qualidade do ambiente aquático. Além disso, o ambiente terrestre deve ser suplementado com iluminação UVB natural (pelo menos 2 horas diárias de sol direto) ou artificial (lâmpada UVB específica). Em regiões mais frias, uma fonte de calor, como uma lâmpada halógena, é necessária para termorregulação. Para aquecimento da água, um termostato configurado a 28°C deve ser utilizado, principalmente em aquaterrários menores. O indicado é utilizar 1W por litro, por exemplo, um aquaterrário de 100 litros deve ser equipado com um termostato de 100W.
Dieta
O tracajá é uma espécie onívora, com tendência ao herbivorismo à medida que envelhece. Na natureza, sua dieta inclui folhas, frutas, sementes, algas, pequenos peixes, insetos e crustáceos.
Em ambiente doméstico, é importante oferecer uma dieta balanceada, que pode ser alcançada com rações específicas para tartarugas aquáticas, complementadas com vegetais e proteína de origem animal. Algumas opções de alimentos incluem:
Vegetais: Alface, couve, espinafre, folhas de hibisco, folhas de amoreira, folhas de dente-de-leão.
Frutas: Banana, maçã, mamão, manga, melão, melancia.
Proteína animal: Peixes pequenos, filé de peixe, camarões, carne vermelha ou de frango, minhocas, insetos e farinhas de insetos
É importante sempre suplementar os alimentos naturais oferecidos para sua tigre d’água com suplemento de cálcio em pó específico para répteis, especificamente nos dias que utilizar alimentos naturais como vegetais e proteína animal.
Uma dica é sempre oferecer os alimentos na água e retirar todo o alimento não consumido em até 5 minutos, evitando a decomposição de matéria orgânica e a piora da qualidade da água.
Demandas psicológicas
Investimento financeiro
O custo de aquisição de um tracajá legalizado está em torno de R$700 a R$1.000 (Abril 2025). O investimento inicial para montar o recinto pode variar de R$500 a R$3.000, conforme o projeto do aquaterrário e incluindo o próprio recinto, substrato, iluminação UVB, aquecedor e filtro. A manutenção mensal inclui custos com alimentos (rações específicas, vegetais e proteínas) e eventual reposição de substrato ou acessórios, podendo variar de R$50 a R$100, dependendo do tamanho do animal.
Lembre-se de que estamos falando de um ser vivo, portanto é recomendável sempre manter uma reserva financeira para consultas veterinárias e eventuais tratamentos, que podem ser mais caros que as consultas para animais domésticos comuns.
Investimento de tempo
Os tracajás demandam menos tempo diário que outros pets como cães e gatos, mas ainda exigem um certo grau de atenção. Considere o tempo de alimentação em torno de 15 a 20 minutos diários para os filhotes. Separe ao menos 30 minutos para higienização do ambiente semanalmente, incluindo a troca parcial da água e a limpeza dos acessórios. Mensalmente, considere de 1 a 2 horas para uma limpeza completa do recinto, pesagem do animal e verificação dos equipamentos.
Outras pessoas
Os tracajás são animais tranquilos e silenciosos, ideais para quem busca um pet que não incomode as pessoas da casa e os vizinhos. No entanto, é importante tomar cuidado, pois essas tartarugas podem se tornar agressivas se manuseadas incorretamente, especialmente quando adultas. Por isso, é essencial educar crianças e visitantes sobre como interagir com o animal de forma segura. Em casas pequenas ou apartamentos, o barulho da água do aquaterrário pode ser um incômodo para alguns moradores ou vizinhos, especialmente se o filtro não for silencioso.
Meio ambiente
O tracajá é uma espécie nativa da América do Sul e, por isso, é protegida por leis ambientais. Se você deseja ter uma tartaruga dessa espécie como animal de estimação, sempre compre de criadores licenciados, com documentação legal. Isso ajuda a combater o tráfico de animais silvestres, um crime grave que prejudica a natureza.
Segundo a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/1998), comprar, vender ou manter animais silvestres sem autorização é proibido e pode resultar em multas e até detenção. Além disso, nunca solte tartarugas de estimação na natureza, pois isso pode causar desequilíbrios ecológicos e espalhar doenças para os animais silvestres da região.
Os tracajás de estimação não necessitam de vacinações, e a vermifugação deve ser realizada apenas sob prescrição médico-veterinária. A castração de tartarugas é viável cirurgicamente, porém costuma ser indicada apenas em casos terapêuticos. Para mais informações, consulte o seu veterinário especializado de confiança.