Teiús (Salvator spp.)

Teiús (Salvator spp.)

Recinto
Terrário
Dieta
Onívoro
Rotina
Moderada
Espaço
Moderado
Expectativa de vida
12 anos
Peso
Até 15kg
Sociabilidade
Solitário
Comportamento
Diurno
Interatividade
Moderada
Custo de aquisição
Baixo
Custo de instalação
Moderada
Custo de manutenção
Moderada

Os teiús são lagartos diurnos de médio porte e altamente inteligentes. São animais encontrados dispersos na América Central e do Sul com uma dieta onívora e bastante ampla. Alcançam entre 1,2 a 1,5m e até 15kg, podendo viver de 12 a 20 anos em ambiente doméstico. Os machos adultos apresentam uma papada bem desenvolvida.

Existem duas espécies de teiús comumente mantidas como animal de estimação pelo mundo, apesar de possuírem manejos e características biológicas praticamente iguais, existem algumas diferenças:

  • Teiú brasileiro (Salvator merinae) 🡪 Originalmente encontrando na América Central e do Sul, são animais de coloração preta e branca perolada por todo o corpo. Ainda há uma variação “azul”, em que os animais possuem o focinho preto e marcas como “lágrimas” abaixo dos olhos, esses animais tendem a ser menores e adquirir uma coloração típica.
  • Teiú argentino (Salvator rufescens) 🡪 Os teiús argentinos são nativos do oeste da Argentina e algumas partes do Paraguai. São animais que nascem com uma coloração muito parecida com o teiú brasileiro, porém ao longo da juventude a coloração avermelhada intensifica. Os machos adultos possuem uma coloração avermelhada, viva e sólida, enquanto as fêmeas possuem uma coloração vermelha mais fosca e com manchas. É uma espécie um pouco mais robusta do que o teiú brasileiro, principalmente os machos.

Os teiús são muito famosos pelo mundo como ótimas opções de lagarto de médio porte e diurnos de estimação ao lado de algumas espécies de Varanus. Os teiús são extremamente dóceis quando bem manejados, apreciando a companhia e atenção humana, sendo um dos répteis com maior potencial afetivo. Por outro lado, são lagartos que atingem um tamanho considerável e devemos ter atenção às necessidades básicas desse animal, principalmente quando adulto.

Demandas físicas

Recinto

Os teiús podem ser mantidos em terrário, recintos externos e até soltos pela casa. Em fase inicial, recomendamos a manutenção desses animais em terrários devidamente equipados. Os filhotes podem ser mantidos em terrários de 90x45x45cm, porém os teiús crescem realmente rápido e logo em alguns meses esse recinto não comportará mais o seu animal. Para jovens adultos, recintos de 180x90x90cm são adequados. Para animais em tamanho adulto, recintos de 250x90x90cm são indicados ou eventualmente recintos externos até maiores do que isso.

Independentemente do tipo de recinto escolhido, devemos ter atenção para os itens essenciais ao manejo dos teiús, como fonte de aquecimento, iluminação UVB, substrato e ornamentações. No caso de terrários, devemos ter atenção ao local desse recinto na casa, riscos de fuga e material, esse terrário pode ser de madeira, vidro, materiais plásticos resistentes ou alvenaria. No caso de recintos externos, devemos ter atenção redobrada ao risco de fugas do animal, a segurança do ambiente geral como potenciais acidentes (alguém pisar no animal, fios elétricos, pontos de escalada, outros animais), além dos riscos ambientais que o animal estará sujeito, como frio ou calor excessivo e chuvas intensas, até de granizo, por exemplo. 

Diversos substratos podem ser utilizados para seu teiú e são essenciais para permitir que esses animais exerçam seu comportamento natural, os teiús apreciam interagir com o substrato e ficam muitas vezes enterrados nele. Pode-se utilizar chips ou fibra de coco, sphagnum e até misturas de solo e areia, esse substrato deve permitir uma boa retenção de umidade e a interação do teiú para escavação. Para um filhote, 10cm de substrato são suficientes, enquanto para adultos 20cm são ideais. Substratos em forma de mantas, como manta de fibra de coco e grama sintética, são de maior facilidade para limpeza, por outro lado, substratos soltos podem ser mais estéticos e estimulam o comportamento natural de exploração do animal.

Água fresca deve estar sempre à disposição do seu animal. Utilize sempre água tratada, se não for possível, utilize água mineral ou fervida. Bebedouros mais largos, que permitam que o animal entre e se banhe podem ser utilizados, porém sempre se atente à altura da água para que o animal não se afogue. O bebedouro deve ser mantido na área fria do recinto e deve ser limpo diariamente. Os teiús precisam de alta umidade no recinto, em torno de 75 a 90%, o que pode ser alcançado com um pote de água de tamanho adequado associado a umidificação frequente do substrato.

Diversos sistemas de aquecimento podem ser utilizados para alcançar um bom manejo de temperatura para os teiús. Pode ser utilizada de uma lâmpada incandescente / halógena de 60 a 100 watts ligada a um termostato na área quente do terrário, sempre protegida para evitar contato direto e queimaduras do animal. Essa lâmpada DEVE SER DESLIGADA DURANTE A NOITE, uma vez que gera tanto calor quanto luminosidade e pode afetar o ciclo circadiano do animal. Essa área quente é chamada de basking zone. Para a área fria do terrário e durante a noite, o animal pode ser mantido em temperatura ambiente. Em regiões do Brasil onde o clima seja mais frio, recomendamos utilizar uma lâmpada infravermelha ou de cerâmica para manter a temperatura do terrário adequada nas épocas mais frias. Essas lâmpadas geram apenas calor, portanto podem ser mantidas ligadas durante a noite. O recinto deve apresentar um gradiente de temperatura de 24 a 32°C e uma temperatura em torno de 37°C na zona de basking. Dessa forma, o animal consegue explorar o recinto como preferir e se termorregular ao longo do dia.

Existem dois tipos de iluminação essenciais para os teiús, o primeiro tipo de iluminação é a UVA, importante em pequenas doses para modulação do ciclo circadiano e comportamento do animal, a luz UVA está presente em qualquer ambiente iluminado, seja natural ou artificialmente, como pela própria lâmpada halógena utilizada para aquecimento. O segundo tipo é a luz UVB, essencial para o metabolismo de vitamina D e cálcio pelos teiús. A luz UVB está presente na luz solar principalmente entre as 9 horas e 16 horas. A iluminação UVB artificial deve ser fornecida por meio de lâmpadas específicas. Os teiús devem ficar expostos por 6 a 12 horas diárias de UVB, lembrando que o UVB (natural e artificial) é incapaz de atravessar estruturas de vidro ou acrílico, portanto a lâmpada UVB ou os banhos de sol deve ser sempre incidir diretamente sobre o animal. No caso das lâmpadas UVB, lembre-se sempre de checar as recomendações do fabricante quanto à distância adequada para instalação da lâmpada e principalmente quanto ao tempo de vida útil do produto (usualmente 12 meses). 

Por fim, a instalação das lâmpadas halógena / incandescente e UVB devem ser feitas próximas uma da outra, assim quando o animal estiver se expondo ao calor, também estará se expondo ao UVB e não terá que optar por um dos recursos. Além disso, será criado um gradiente duplo no terrário, isto é, tanto de calor quanto de luz. Ornamentações podem ser utilizadas no recinto desde que bem escolhidos e instalados, podem ser utilizados troncos, cork barks, rochas, plantas artificiais ou naturais, e são importantes tanto para estética do recinto quanto para aumento da complexidade ambiental para o seu animal (enriquecimento ambiental). Os teiús adoram pontos para escalarem como troncos e/ou pedras, e utilizam esses recursos para ficarem mais próximos ou distantes da fonte de calor de acordo com a sua necessidade de aquecimento. Tocas também são bastante utilizadas pelos teiús, pode-se explorar tocas secas e úmidas, e de diversos materiais, como resina, fibra de coco, pedras. 

Dieta

Os teiús são lagartos onívoros e vorazes. Animais jovens desenvolvem muito bem com verduras, insetos e porções de proteína animal, já os adultos podem receber presas inteiras como roedores e aves, carne magra, peixe, ovos, frutas e vegetais. Procure sempre variar bastante a dieta do seu animal e explore as opções, como regra, alimentos adequados para consumo humano e produtos de rotina podem ser utilizados, como maçã, banana, morango, agrião, chicória, abóbora, mostarda, couve, cenoura, rúcula, beterraba, carne bovina, de frango, suína, peixes.

Para alimentos menos comuns, consulte seu veterinário sobre a segurança de se oferecer. Uma opção interessante é a confecção de “bolinhos mistos” para uma dieta variada e interessante para o seu animal. A alimentação deve ser realizada em um substrato liso para que o animal não faça a ingestão de partículas de substrato como areia e/ou fibra de coco, isso pode ser realizado mantendo uma parte do recinto com substrato liso (pedra, manta de fibra de coco, grama sintética), usando um comedouro de tamanho adequado ou fazendo o uso de uma caixa de alimentação externa ao recinto. Em filhotes, a alimentação pode ser realizada uma vez por dia, animais de um ano de idade a cada dois dias e adultos a cada três dias.

A suplementação de cálcio é importante para esses animais, principalmente os que não recebem presas inteiras na dieta e pode ser realizada por dusting 3 a 4 vezes por semana pra filhotes e duas vezes por semana para adultos. 

Demandas psicológicas

Os teiús são animais diurnos, passando o dia ativos explorando o recinto e se aquecendo pela exposição às fontes de calor e iluminação. Com seres humanos, os teiús são animais bastante sociáveis e com alta capacidade afetiva, sendo que muitos animais se tornam, além de dóceis, extremamente apegados aos seus donos em ambiente doméstico. Entretanto, para que isso seja possível é necessário manejo constante e desde jovem, os teiús devem ser manejados de maneira tranquila, nunca pegue o animal com força, pressione o seu corpo ou segure pela cauda. Comece com curtos períodos e manejos mais sutis, como alimentação com pinça e alguns minutos de contato direto. Colocar o animal em um cômodo, fechar a porta e sentar no chão com ele solto é uma boa estratégia para gerar confiança progressiva do seu animal. Ofereça a palma da mão como suporte para os pés do animal e deixe que ele explore o ambiente, o mesmo princípio pode ser feito com o animal no seu colo, por exemplo.

Todo momento que o animal estiver fora do recinto deve estar sob supervisão, principalmente se possuir outros animais que vivam soltos pela casa. Passeios em ambiente externo em dias ensolarados e com temperatura ambiente acima de 25ºC também são possíveis sob supervisão, especialmente até as 11 horas e após as 15 horas.

Os teiús não são essencialmente sociais com outros animais, são animais territorialistas e, tanto machos quanto fêmeas, podem ser agressivos a indivíduos “invasores”, eventualmente atacando esses animais. Não recomendamos a manutenção de mais de um macho no mesmo ambiente, fêmeas e casais podem eventualmente conviver bem. Lembrando que a reprodução de animais silvestres sem autorização do órgão ambiental caracteriza crime ambiental.

Com relação a outros animais, como cães e gatos, há diversos relatos de convívio pacífico com teiús, porém acidentes podem acontecer com consequências para o teiú e/ou os outros animais. 

Investimento financeiro

A aquisição de um teiu legalizado está na faixa de R$4.000 (janeiro 2022). A aquisição de animais legalizados permite que você tenha plena liberdade com seu animal, sem o risco de multas e processos inerentes à posse ilegal de animais silvestres.

Após a aquisição do seu lagarto é necessário investir nas demandas iniciais do animal especialmente a montagem do terrário. Esse custo pode variar de R$500 a R$2000 e até mais, conforme seu projeto e equipamentos instalados.

Para manutenção do teiú o custo é relativamente baixo. Os custos de manutenção envolvem eletricidade dos aquecimentos do animal (R$xx/mês); alimentação, com insetos, carne, vegetais e suplementos de cálcio; e manutenção do recinto, como substituição de ornamentos, lâmpadas (principalmente a UVB) e eventualmente a troca do próprio terrário.

Nunca se esqueça que estamos falando de um ser vivo! Lembre-se de ter uma reserva financeira para consultas e exames anuais e eventuais emergências médicas com seu animal!

Investimento de tempo

Os teiús não demandam muito tempo da sua rotina para que tenham boa qualidade de vida. Essencialmente necessitam de 15 a 30 minutos diários para alimentação e inspeção do terrário, em torno de uma a duas horas semanais para uma limpeza básica do recinto e ao menos uma a duas horas mensais para uma limpeza mais detalhista do recinto. Esse é a demanda mínima de tempo para uma boa qualidade de vida para o animal, obviamente pode ser adicionado tempo de interação seja, diário ou semanal, especialmente se quiser um teiú mais dócil e mais acostumado com o convívio humano.

Outras pessoas

Os teiús são lagartos que, apesar de tranquilos, possuem médio porte e muitas vezes podem assustar algumas pessoas, portanto tenha cuidado ao apresentar o seu animal para pessoas novas. Além disso, é um animal onívoro com uma mordida potente, é necessário cuidados com quem maneja esse animal, principalmente se não for um animal muito dócil ou uma pessoa inexperiente. Um acidente pode ser perigoso tanto para a pessoa envolvida, que, apesar de não ter alto potencial lesivo, pode ser uma mordida dolorida, quanto para o animal, como o risco de uma queda, e, dependendo da altura e como ocorra a queda, ela pode ser fatal ao animal. 

Meio ambiente

Os teius brasileiros são animais nativos do Brasil, enquanto o teiu argentino é uma espécie exótica, ou seja, não ocorrem naturalmente no Brasil. De qualquer forma, esses animais NUNCA DEVEM SER SOLTOS na natureza. Animais legalizados são nascidos em cativeiro e foram selecionados para serem bons animais de estimação e não a sobreviverem em vida livre. Além disso a soltura inadequada de animais pode ocasionar em impactos ambientais sobre as populações de animais nativas daquele local, como predação e/ou transmissão de doenças.

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