UVB e UVI, qual a diferença?!

O ultravioleta B (UVB) e o índice ultravioleta (UVI) são a mesma coisa, só que medidos de formas diferentes!
Vamos entender isso melhor!
Para compreender a distinção entre os raios ultravioleta (UVB) e o índice ultravioleta (UVI), é essencial primeiro ter uma noção dos diversos tipos de ondas eletromagnéticas emitidas pelo sol que alcançam a superfície da Terra. As ondas eletromagnéticas, resultantes de oscilações em campos elétricos e magnéticos, propagam-se pelo vácuo ou por meios materiais, transportando energia. Para o nosso contexto, elas representam a radiação eletromagnética gerada pelo sol e que atinge nosso planeta. Contudo, essas ondas possuem variados comprimentos de onda, indicando diferentes características de tamanho e velocidade de propagação.
Portanto, há uma diversidade de ondas eletromagnéticas emitidas pelo sol, abrangendo desde raios-x até ondas infravermelhas, em uma escala que vai de comprimentos de onda mais curtos para mais longos. Essa variação nos comprimentos de onda confere características únicas a cada uma dessas ondas eletromagnéticas, e da mesma forma, a percepção dessas ondas pelos animais varia de acordo com suas características específicas.
Se considerarmos o olho humano, temos os raios-x (com comprimento de onda abaixo de 100 nanômetros) e os raios ultravioletas (com comprimento de onda entre 200 e 400 nanômetros) como raios de curto comprimento, não visíveis para nós. Na faixa de 400 a 780 nanômetros, encontramos a luz visível, os raios da cor azul ao violeta, perceptíveis aos nossos olhos. A partir de 780 nanômetros de comprimento de onda, temos os raios infravermelhos, também invisíveis para a maioria dos animais, mas notórios por serem utilizados no aquecimento dos nossos animais!

Focando nos raios de comprimento de onda mais curtos, conhecidos como RAIOS ULTRAVIOLETAS, eles podem ser divididos em três grupos de acordo com seu comprimento de onda: UVA (315 a 400 nanômetros), UVB (290-315 nanômetros) e UVC (100 a 290 nanômetros). Cada um desses raios ultravioletas possui características e funções biológicas específicas. Praticamente todo UVC é filtrado pela atmosfera, enquanto 5% dos raios UVB e 95% dos raios UVA atingem a superfície terrestre, sendo os dois ESSENCIAIS para a qualidade de vida dos animais.
Raios UVA
Grande parte (95%) dos raios UVA emitidos pelo Sol atingem a superfície terrestre, e estão presentes ao longo de todo o dia. Os raios UVA possuem maior comprimento de onda e maior poder de penetração na pele. Ainda, os raios UVA fazem parte da visão dos répteis, portanto sem os raios UVA os répteis não conseguem enxergar as cores! Mas de modo geral esses raios estão principalmente associados à modulação comportamental dos animais, e uma pequena faixas de UVA (de 320 a 335 nanômetros) também auxilia na regulação da produção de vitamina D3.
Raios UVB
Apenas 5% dos raios UVB emitidos pelo sol chegam à superfície terrestre. Esses raios são mais intensos entre 9 e 16 horas, possuindo maior capacidade de penetração na pele e portanto sendo mais danosos às estruturas biológicas do que os raios UVA. Em nossas vidas, os raios UVB são responsáveis por grande parte da vermelhidão e queimadura da pele quando tomamos sol. Além disso, podem favorecer o envelhecimento precoce, manchas na pele e até mesmo contribuir para o câncer de pele. Por outro lados, os raios UVB têm um efeito direto no sistema imunológico da pele e também podem estimular a produção de beta-endorfinas, conferindo ao sol sua sensação de bem-estar. No entanto, essa parte do espectro UVB é mais conhecida por seu papel na síntese de vitamina D3 na pele e metabolismo do cálcio de diversas espécies de animais.
Raios UVC
Os raios ultravioleta C (UVC) compõem uma faixa do espectro eletromagnético com comprimentos de onda entre 100 e 280 nanômetros. A exposição direta aos raios UVC pode ser prejudicial para organismos vivos, incluindo seres humanos, mas felizmente, praticamente 100% dos raios UVC provenientes do sol são absorvidos pela atmosfera terrestre, não atingindo a superfície. Para se ter uma noção, os raios UVC são utilizados em equipamentos como lâmpadas germicidas ou filtros UV para aquários. Esses dispositivos emitem raios UVC em ambientes controlados e são capazes de eliminar vírus, bactérias e outros patógenos.

Agora que já entendemos a variedade de ondas eletromagnéticas emitidas pelo sol, sendo os raios ultravioletas uma parte dessas ondas, e que esses raios ultravioletas se subdividem em três tipos distintos, fica mais claro diferenciar entre UVB e UVI.
Ultravioleta B (UVB)
Em termos simples, ao utilizar um medidor ultravioleta UVB, estamos avaliando eletronicamente todas as ondas eletromagnéticas que se situam entre 280 e 320 nanômetros, predominantemente captando os raios UVB e uma pequena parcela dos raios UVA. Essa mensuração é realizada através da intensidade da irradiação, medida em microwatts por centímetro quadrado (µW/cm²).

Índice ultravioleta (UVI)
Quando nos referimos ao índice ultravioleta (UVI), estamos medindo uma gama mais ampla dos raios ultravioleta, abrangendo de 280 a 400 nanômetros. Portanto, estamos avaliando todo o espectro do UVB e uma porção maior do espectro UVA, que também pode desempenhar uma função biológica muito semelhante ao UVB nos répteis. O UVI não é mais medido em microwatts por centímetro quadrado (µW/cm²), mas sim por um escore, ou seja, um número que varia de 1a 15, sendo 1 mais fraco e 15 mais intenso.


Mas afinal, qual é melhor, o ultravioleta B (UVB) ou índice ultravioleta (UVI)?
Na verdade, não existe o melhor nem o pior entre o ultravioleta B (UVB) e o índice ultravioleta (UVI). Ambos são formas de mensurar a radiação ultravioleta.
Ao medir os raios UVB, somos mais precisos, mensurando uma amplitude menor de ondas eletromagnéticas. No entanto, ser mais preciso nem sempre é melhor, pois não temos valores de referência específicos para cada espécie de réptil, o que dificulta o uso dos raios UVB como guia para o manejo desses animais. Teoricamente, níveis de 13 µW/cm² seriam saudáveis para todos os répteis, 30 a 150 µW/cm² ideias para animais tropicais e podendo ir até 300 µW/cm² para animais desérticos.
O índice ultravioleta, por outro lado, é amplamente utilizado tanto para humanos, como na previsão do tempo, quanto para répteis por meio das Zonas de Ferguson. As zonas de Ferguson foram estabelecidas por um pesquisador ao analisar o UVI em que os animais se expõem na natureza, criando pontos de referência valiosos para o manejo de répteis em ambientes domésticos. Níveis de UVI 0,5 (Zona 1) seria ideal para animais noturnos e crepusculares até UVI 3,5 (Zona 4) para animais desérticos. Índices UVI acima de 7 não são indicados para nenhuma espécie. Portanto, em geral, o índice ultravioleta (UVI) é mais utilizado para répteis de estimação.
