Onde instalar o sensor do termostato?

Essa semana eu estive com um novo colega do hobby aqui em Curitiba, o Eduardo (@edu.baggio), que trouxe uma ótima questão durante nossa conversa sobre o manejo da sua nova Jiboia Arco-íris da Caatinga. Discutimos diversos aspectos do cuidado com a serpente, mas uma pergunta específica se destacou, principalmente pelo fato de ele ter enfrentado dificuldades em encontrar informações práticas e confiáveis na internet. A indagação em questão era:

“Onde devo posicionar o sensor do termostato dentro do terrário da minha serpente?”

Para iniciar nossa conversa, é essencial compreender que um termostato é um dispositivo eletrônico projetado para monitorar a temperatura do ambiente através de um sensor. Com base nessa leitura, ele toma decisões para ligar ou desligar qualquer equipamento conectado, geralmente uma lâmpada ou outra fonte de aquecimento.

Para garantir o funcionamento adequado do termostato e manter uma temperatura ideal para o seu animal, a instalação precisa ser feita de forma precisa. Isso inclui a escolha e dimensionamento correto da fonte de aquecimento, mas, sobretudo, a colocação precisa do sensor (também chamado de probe). Afinal, é ele quem capta a informação de temperatura e a transmite ao termostato, determinando se o aquecimento do ambiente deve ser ligado ou desligado.

Dessa forma, a resposta para a pergunta do Eduardo é simples: o sensor do termostato deve ser posicionado onde melhor simula o comportamento natural do seu animal de estimação, ou seja, onde o corpo do seu animal vai estar a maior parte do tempo. Contudo, mesmo com essa orientação clara, a aplicação prática pode variar bastante, e é crucial estar atento a detalhes que podem passar despercebidos.

Note o sensor do lado esquerdo desse terrário, do lado quente do recinto, pendurado até a altura do tronco e bem próximo de onde o André [Píton Mackloti] está descansando. Por ser uma espécie arborícola os estratos mais altos do recinto tendem a ser mais explorados e é próximo à essa altura que vamos instalar o sensor do nosso termostato.

É fundamental considerar que há uma ampla variedade de espécies de serpentes (e outros animais), e cada espécie possui seu comportamento específico. Portanto, a instalação do sensor do termostato deve ser adaptada conforme a espécie em questão. Por exemplo, ao lidar com uma jiboia arco-íris, é crucial pensar no comportamento desse animal e posicionar o sensor próximo ao substrato, onde provavelmente passará a maior parte do tempo.

Nesse recinto está uma sandboa, uma serpente terrestre, fossorial. Note que o sensor do termostato está do lado direito, sobre a superfície do substrato. Nesse recinto estamos controlando uma lâmpada halógena para ser acionada apenas durante o dia e manter a temperatura do solo em 32ºC, permitindo que o animal se esquente na superfície por meio da lâmpada, se afaste para o lado frio do recinto ou se enterre em busca de um ambiente mais ameno.

Agora, se tratarmos de uma jiboia, BCC por exemplo, que frequentemente demonstra um comportamento arborícola, colocar o sensor perto do substrato pode resultar em temperaturas elevadas em áreas mais altas do recinto, como em cima de um tronco. Nesse caso, posicionar o sensor a uma altura intermediária entre o substrato e o ponto mais alto que a serpente pode alcançar provavelmente é a estratégia mais adequada para criar um gradiente de temperatura saudável.

Por outro lado, para serpentes de hábitos primariamente arborícolas, como uma suaçuboia, píton carpet ou periquitamboia, colocar o sensor próximo das estruturas elevadas que o animal frequentemente explora certamente será a melhor decisão. Essa abordagem garante que o termostato responda eficientemente ao comportamento e necessidades térmicas específicas da espécie.

Nesse recinto de suaçuboia o sensor está do lado direito, suspenso. As Corallus hortulanus são animais essencialmente arboricolas, esse indíviduo em específico utiliza bastante a toca do solo, portanto o sensor suspenso, mas não tão alto, é capaz de criar um gradiente de temperatura confortável para o animal. Perceba que o sensor também não está muito perto do bebedouro.

Segundamente, após analisar o comportamento do nosso animal, é crucial compreender os elementos ambientais do recinto para posicionar o sensor de forma a minimizar a influência de fatores externos e proporcionar uma representação mais precisa da temperatura geral. Por exemplo, evitamos sempre instalar o sensor próximo à ventilação do recinto, onde o fluxo de ar tende a diminuir a temperatura naquele local e, consequentemente, levar a leituras imprecisas.

Outra prática recomendada é manter o sensor afastado do bebedouro. Muitos sensores não são resistentes à água e há o risco de o animal movê-lo até a água, o que pode comprometer o funcionamento do sistema de aquecimento. Além disso, áreas próximas à umidade tendem a ter temperaturas ligeiramente mais baixas, o que pode resultar em medições imprecisas pelo termostato.

Embora esses sejam os elementos ambientais mais comuns em recintos, é importante considerar se há outros elementos que possam interferir na precisão do sensor. Em todos os casos, posicionar o sensor a uma certa distância desses elementos garantirá que o termostato faça leituras mais precisas do ambiente, permitindo um gerenciamento eficaz da temperatura.

No recinto do Givanildo [Jabuti-piranga] o sensor está instalado sobre o substrato, ao nível do solo, no meio do recinto. Dessa forma está longe da ventilação, do bebedouro e irá manter uma temperatura confortável para o animal (28ºC) de maneira difusa no recinto.

Termostatos e placas de aquecimento

Se você estiver usando um termostato em conjunto com uma placa de aquecimento, a recomendação é bastante clara. Sempre posicione o sensor diretamente na área do recinto que está sendo aquecida pela placa, seja no chão ou, frequentemente, misturado ao substrato. Desta maneira, você obterá uma medição precisa da temperatura que a placa está fornecendo ao seu animal, evitando assim possíveis queimaduras por contato, por exemplo.

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